domingo, 23 de março de 2014

COMER BEM É FÁCIL



O sanduíche já pronto, com pão ciabatta caseiro, tomatinhos e um suco mix para acompanhar...


Ando muito saudosa dos meus filhos. Então, enquanto chega o dia de encontrá-los, o jeito é ir enganando a saudade com bons livros e atividades prazerosas. Sexta passada, precisando de momentos de silêncio, fui na hora do almoço à Livraria Paim, do Manoel e da Luísa, amigos de longa data. O Manoel, que todo mundo só chama de Paim, começou no ofício há muitos anos. Tinha na Universidade uma pequena mesa, sempre apinhada de livros, prontos para a venda. Mas tinha, mais do que livros, o ingrediente principal para fazer sucesso com estudantes não tão providos de recursos: uma fé inabalável na nossa honestidade, que o fazia vender livros "fiado" para quem quisesse comprar.

E todos queriam. Quem não tinha cheque, entrava no caderninho do Manoel. Quatro, cinco, seis vezes... e olhe lá se muito estudante que hoje posa de bacana não tivesse conhecido o Paim pra financiar seus livros. Nada mais justo então, que hoje ele ocupe um prédio confortável, onde dá para sentar e folhear livros, tomando um cafezinho para relaxar após o almoço ou, no meu caso,  minimizar a saudade dos filhos. E, passeando por entre as estantes, meu olhar foi imediatamente atraído para um título nada convencional: "O Mel de Ocara", de Ignácio de Loyola Brandão.

Achei tão inusitado que pensei ter havido um erro de grafia, afinal, Ocara, no Ceará, é um pequenino município distante cento e poucos quilômetros de Fortaleza, já no sertão, lugar que frequentei por muitos anos e onde ainda mora o pai de meus filhos e amigos. Ao pegar o livro e descobrir que o escritor, tão conhecido e premiado, falava exatamente desse pedacinho de Brasil, ao lembrar do sabor de seu ótimo mel, fiquei comovida. É como se o eixo Rio-São Paulo estivesse de vez conhecendo o Brasil, seu povo, suas histórias, sem medo de ser feliz.

Prosseguindo por entre os livros, dispostos numa ordem muito especial, deparei-me com um pequeno volume de Mario Vargas Llosa contendo os textos de seu primeiro livro, "Os Chefes" e uma novela, "Os Filhotes". Ainda puxei pelo braço o livro de Mort Rosenblum, escritor e jornalista, ex-editor da International Herald Tribune, "Um Ganso em Toulouse".
No seu primeiro capítulo, ele já dá uma ideia do conteúdo, quando diz: " Só na França um pão vem com o telefone do apoio técnico e um manual de instruções repleto de filosofia", ao falar de um dos artistas mais respeitados na França, o padeiro Lionel Poilâne, falecido em 2002. As histórias de como a comida é encarada pelos franceses, as dores do fast food e do McDô (apelido do McDonald's na França), entre outros, são um deleite para quem curte ler sobre comida.

E por fim, com um copinho de cappuccino na mão, perdi-me na Antologia Poética de Carlos Drummond de Andrade, poeta maior, gênio reservado cujas palavras explodem os sentidos, atravessam a calmaria e mostram que são capazes de lhe fazer pegar o telefone e declarar o seu amor para o marido, simples assim, com o lindo poema Campo de Flores (veja e escute este poema na bela interpretação de Paulo Autran). 

E para não dizer que só falo de doces, que tal sentar-se no sofá da sala com seus livros preferidos, degustando um belo sanduíche de ciabatta caseira com costela desfiada, tomando um delicioso suco vermelho, mistura feliz do restaurante Greens, lá de Cuzco? A saudade não passou, mas que ficou bem acompanhada, lá isso ficou. 

Sanduíche de costela desfiada no pão ciabatta caseiro, com suco de beterraba, maracujá e manga

Para o pão

01 pão ciabatta, cortado ao meio pelo comprimento
01 tigelinha com tomates cereja temperados com azeite, sal e vinagre
01 porção de costela cozida ou assada no forno, desfiada e refogada com um pouco de alho e azeite ou marinada com uma misturinha de molho de soja, mostarda, vinagre e azeite, a gosto
Fatias de queijo muçarela, a gosto (descobri recentemente que esta é a grafia correta, vai entender)
Manteiga, a gosto, se desejar
Mostarda ou outro condimento, a gosto, se desejar

Modo de Fazer

Passe um pouquinho de manteiga no pão. Coloque a carne, previamente desfiada e já refogada em uma frigideira com alho e azeite. Feche o pão e leve a uma sanduicheira para derreter o queijo. Acompanhe com uma tigela de tomates cereja temperados e condimentos de sua preferência.
Você também pode marinar a carne, já desfiada, com um pouquinho de molho de soja, mostarda e vinagre, além de azeite, a gosto, que dê para envolver a carne. Aí é só misturar bem  e proceder da mesma maneira.

Suco de beterraba, maracujá e manga do Greens Organic

Ingredientes

01 manga Haden, média
02 a 03 maracujás, com as sementes
1/2 beterraba média,ou um pouco mais, se desejar
Açúcar, água e gelo a gosto, caso deseje mais ou menos grosso

Modo de fazer

Em um liquidificador, coloque a beterraba crua, cortada em pedaços, junto com a polpa dos maracujás e a manga, também cortada em pedaços. Se não quiser, não precisa tirar a casca da beterraba e da manga. Acrescente açúcar e água a gosto e algumas pedras de gelo, se desejar. Bata bem, prove, ajuste o açúcar, peneire e tome. Delicioso!


Observações:

Já dei aqui uma receita de ciabatta (veja em http://mesanafloresta.blogspot.com.br/2014/02/um-novo-momento.html), mas desta vez usei fermento natural à base de passas, feito em casa com as orientações da receita de Rogério Shimura (veja em https://rogerioshimura.wordpress.com/category/fermento-natural-levain/). Mais trabalhoso, sem dúvida, mas o resultado é um sabor mais ácido, delicioso, de um pão que demora muito mais tempo para ficar pronto, mas que compensa as mordidas. Caso não tenha paciência, compre um bom pão e siga com a receita.)

Veja aqui uma receita de costela assada no forno: http://mesanafloresta.blogspot.com.br/2013/09/costela-ja-pronta-e-antes-ainda-com-os.html)

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Para saber mais:

Greens - restaurante orgânico em Cuzco, Peru - acesse https://www.facebook.com/GreensOrganic

Livraria Paim - www.livrariapaim.com.br

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