domingo, 23 de novembro de 2014

HORA DE SER SAUDÁVEL




Para não dizerem que esqueci os alimentos saudáveis aqui no blog, experimentem essa receitinha fácil, rápida e que pode sofrer alterações de acordo com a vontade do freguês ou dos legumes disponíveis. Arroz integral com cevadinha, sempre uma delícia, com legumes e verduras. Um pouquinho de azeite, um ovo cozido ou atum dão uma descansada daquele velho filé com fritas. E é muito fácil de fazer, além das sobras servirem para incrementar qualquer saladinha ou mesmo fazer bonito no bolinho de arroz. Experimente!





Arroz integral com cevadinha e legumes

Ingredientes

Para o arroz

3/4 xícara de chá de arroz integral cru
1/4 xícara de cevadinha crua
1/2 cebola picadinha
2 dentes de alho amassados para o arroz e 1 dente pequeno para a couve
1/2 cenoura cortada em cubos pequenos
1 fatia grossa de abóbora cabutiá em cubinhos pequenos
1/4 xícara de brócolis em florzinhas miúdas
2 folhas de couve manteiga cortadas bem fininho
1/4 xícara de pimentão amarelo cortado em cubinhos pequenos
Salsinha e cheiro verde picadinhos, a gosto
1/2 maço de agrião, picado
Caldo de legumes o quanto baste
(você pode acrescentar vários outros vegetais e legumes, se desejar)
02 colheres de sopa de óleo
Sal a gosto
Azeite a gosto
Ovos cozidos ou atum, para acompanhar (opcional)

Modo de fazer

Para os legumes e verduras


Numa assadeira, coloque azeite e fatias de abóbora cabutiá com casca para assar, com um pouco de sal e pimenta e pitadas de noz moscada. Essa abóbora pode servir de acompanhamento para qualquer prato. Retire uma fatia depois de assada e pique em pedacinhos, com casca. Reserve. (Se não quiser fazer uma quantidade maior, corte em cubinhos a fatia pedida e cozinhe no vapor. reserve até a hora de usar). Enrole as fatias de couve e corte em tirinhas bem finas. refogue-as em um pouquinho de azeite e um dente de alho amassado. Reserve. 

Para o arroz

Numa panela de fundo grosso, coloque duas colheres de sopa de óleo, os dois dentes de alho amassados, a cebola picadinha e o arroz e a cevadinha crus. Refogue por alguns minutos, acrescente o sal, misture, acrescente a cenoura e coloque o caldo de legumes até cobrir ligeiramente os grãos. Após uns cinco a dez minutos, verifique o caldo para ver se precisa acrescentar mais um pouco e coloque as florzinhas de brócolis, o pimentão, a abóbora, salsinha e cheiro verde a gosto e o agrião picado. Ajuste o sal e mexa ligeiramente. Vá colocando mais caldo, se necessário, até que os grãos fiquem cozidos, mas ainda firmes. Na hora de servir, acompanhe com a couve preparada por cima do prato e ovos cozidos ou atum. Uma delícia!   



segunda-feira, 17 de novembro de 2014

JOGANDO A PREGUIÇA DE LADO

O filé, arroz e batata, já no prato...

Pudim de cupuaçu com caramelo de emburana, bom demais...


O melaço de tâmara para o molho...



Tenho voltado a cozinhar aos poucos, reorganizando meu tempo de maneira mais proveitosa, testando umas coisinhas aqui, outras acolá. Mas até cozinhar, fotografar, escrever e publicar, tenho tido uma certa resistência. Chamo de preguiça, mas não sei se o nome pode ser exatamente esse. Diria que antes, trata-se de não funcionar no automático. É preciso estar descansada, com a mente limpa e o coração alegre para escrever sobre comida. Pelo menos no meu caso. Talvez por isso jamais pudesse fazer da arte de escrever um ofício.

Admiro demais aqueles artesãos que chova ou faça sol, estão atentos e a postos para produzir a notícia, ou melhor, descrevê-la, torná-la pública, fazer dela algo palatável, mesmo que sejam grandes tragédias. Eu não. Escrevo apenas quando posso fazê-lo de uma vez só, sem tomar fôlego, sem pensar muito, apenas deixando que as palavras saiam, as letrinhas aperreadas se juntem depressa para que eu não perca o ritmo nem o mote, como diria um bom nordestino.

Conheci há muitos anos no interior do Ceará um poeta desses. Já falecido, costumava beber todas e mais um pouco, mas chegava nas rodas de amigos e conhecidos sempre com o mesmo pedido: "Qual é o mote?" E ao que alguém da roda sugeria um tema, o famoso mote, ele prontamente não se fazia de rogado e ali mesmo, naquela roda, ia desfiando os versos de cordel, sempre combinando e sempre provocando gargalhadas ou suspiros. Era um exibido, o danado, mas dava certo e nos divertia a todos nas noites ainda calmas do interior. 

É preciso estar atento e forte, como já disse o Caetano. É preciso colocar um pouco de alma no tempero, sentir os cheiros, perder-se na comida para que dali se extraia o melhor. Mas é claro, não é preciso filosofar o tempo inteiro, fazer uma pajelança ou invocar todos os santos para fazer comida boa. É preciso apenas, na minha opinião, ter sensibilidade. E estar bem. Cozinhar para mim é um ato de amor. Sentir o que cada sabor provocará, que comentários, quem gostou e quem não gostou tanto assim, exige paciência.

Talvez seja esse o grande desafio da cozinha profissional. Manter a alma aberta e a emoção à flor da pele, ainda que seja para fazer aquela tigela de mingau quentinho com muita canela nas noites de chuva. Que é claro, não é servida no restaurante, mas que conforta, conforta. Talvez tudo na vida seja mesmo isso, não deixar que a rotina, o automático, tomem de conta. Estar sempre aberto ao novo, ao reinventar-se, tirar o sapato e pisar no chão molhado, conversar com alguém na rua sobre a melhor forma de cozinhar o feijão, ser feliz. Ou pelo menos, estar aberto à ideia de felicidade. Permitir-se. E para celebrar, que tal produzir um caseiro jantar especial, convidar aquela pessoa querida ou se dar de presente uma comidinha feita com carinho?

Compre umas flores, uma toalha bonita, o prato mais vistoso, coloque uma música legal...e me mande dizer dos resultados!!  

Jantar para celebrar    

Ingredientes

Para o arroz

(Aqui, vão indicações. Esta quantidade de arroz serve até quatro pequenas porções)

01 xícara de arroz cru, depois cozido da forma tradicional, refogado com um pouco de alho
04 nozes pecãs cortadas miudinho
04 nozes picadinhas
01 castanha do Brasil, picadinha
06 avelãs picadinhas
01 damasco picadinho
01 tâmara picadinha
Um punhado de passas brancas
02 colheres de sopa de manteiga
Sal, se necessário

Para o filé

06 bifes bem grossos de filé (utilize o filé já limpo, sem as pontas)
Azeite, sal e pimenta do reino a gosto
01 colherinha de manteiga

Para o molho do filé

04 colheres de sopa de cebola picadinha
02 colheres de sopa de azeite
04 colheres de sopa de vinagre balsâmico
01 a 02 colheres de sopa de mel
03 colheres de sopa de melaço de tâmara (usei um melaço pronto, da marca Zeenny, adquirido na Cia. do Marisco, vide abaixo)
04 colheres de sopa de água
01 pitada de sal 
01 colher de sopa de manteiga 

Para a batata

04 batatas grandes e longas, cortadas ao meio pelo comprimento
Manteiga e azeite o quanto baste (usei manteiga de garrafa, mas pode ser manteiga normal)
Sal a gosto
Queijo parmesão ralado na hora, a gosto

Para o pudim de cupuaçu

03 ovos
01 lata de leite condensado 
A mesma medida de leite integral
01 pitadinha de sal
1/2 xícara de polpa de cupuaçu in natura (usei a fruta fresca, sem água, o que dá um sabor mais forte. Caso use a polpa congelada, sugiro bater dois pacotinhos com o leite e provar o sabor)
3/4 de xícara de açúcar, aproximadamente, para a calda do pudim

Para o caramelo de emburana (opcional)

(usei como referência desse caramelo a receita do Thiago Castanho, no ótimo livro de sua autoria Cozinha de Origem. Mas não segui as proporções de sua receita e usei emburana, ao invés de cumaru)

1/2 xícara de açúcar, aproximadamente
1/4 xícara de creme de leite de caixinha
04 colheres de sopa de essência caseira de emburana (sementes de emburana deixadas de molho em vodka)
01 pitadinha de sal


Modo de fazer 

Para o arroz

Numa frigideira grande, coloque as nozes e nozes pecã, castanhas e avelãs junto com a manteiga, mexendo sem parar, até que tostem um pouco. Acrescente o arroz cozido, o damasco e a tâmara picadinhos e as passas. Misture um pouco, ajuste o sal, se necessário e reserve aquecido até a hora de servir.

Para o filé 

Numa chapa de ferro ou frigideira grossa, coloque azeite, deixe esquentar um pouco e coloque os bifes, no máximo dois a dois. Eu tempero na hora, com sal e pimenta, de um lado só. Frite por uns 03 a 04 minutos de cada lado. Veja o ponto de sua preferência, para que não fique cru nem passe do ponto. Uma boa dica é apertar o centro da carne, de leve. Se oferecer pouca resistência, está mal-passado e se resistir ao toque, sem afundar muito, já está bem no ponto. O ideal é deixá-lo ainda mal-passado, pois se demorar para servir, é possível passá-los rapidamente na frigideira, sem que a carne fique dura.(Mas fique atento ao seu gosto pessoal). Após a fritura, coloque em travessa aquecida até servir e por cima de cada um deles, uma colher de chá de manteiga. Se for servir em seguida, acrescente uma colher do molho por cima, deixe uns dois minutos e sirva.

Para o molho do filé

Numa frigideira de fundo grosso, refogue a cebola no azeite até murchar. Não deixe dourar. Acrescente o vinagre balsâmico, o mel, o melaço de tâmara, a água e o sal. Deixe reduzir em fogo baixo, até que encorpe. Ajuste o sal e se necessário, coloque um pouquinho mais de água. Coloque a manteiga e desligue o fogo. esse molho fica bem concentrado e não rende muito, mas é suficiente para essa quantidade de carne. Coloque um pouco em cima de cada bife, na hora de servir e se sobrar, deixe o restante em uma tigelinha, para que os convidados possam colocar um pouco mais, se desejarem.

Para a batata

Afervente as batatas em água e sal. Retire-as da panela, enxugue-as e arrume-as numa assadeira já previamente untada com manteiga. Coloque por cima azeite a gosto, 01 colher de sopa de manteiga para cada metade de batata e polvilhe queijo parmesão ralado na hora, a gosto. Cubra com papel alumínio e leve ao forno médio por dez a quinze minutos. Retire o papel e deixe dourar um pouco. Sirva com o filé e o arroz.

Para o pudim

Faça a calda do pudim com o açúcar, direto na forma (usar forma pequena, de buraco no meio). No liquidificador coloque os ovos, o leite condensado, o leite e o cupuaçu, batendo bem. Prove, pois deve estar com o sabor do cupuaçu bem perceptível. Se estiver muito azedo, acrescente 01 colher de açúcar. No meu caso, não precisou.( Ficou na doçura certa, meio talhadinho na boca, pelo fato de eu ter usado a fruta crua. O pudim inchou no forno, o que me surpreendeu. Pretendo fazê-lo novamente dando um banho de água fervente no cupuaçu, mas dessa forma ficou delicioso). Leve ao forno até dourar. Não esperei esfriar totalmente para desenformar, mas tenha o cuidado de deixar esfriar um pouco e passar uma faca para soltá-lo bem. Sirva com a calda e o caramelo de emburana à parte.

Para o caramelo de emburana (opcional)

Numa panelinha de fundo grosso, derreta o açúcar sem deixar queimar, em fogo brando. Quando dourar um pouco, coloque o creme de leite e mexa com cuidado. Acrescente a vodka com emburana e a pitadinha de sal. Mexa até dissolver, com cuidado. Reserve numa tigelinha e sirva uma colherada com cada fatia de pudim. (Essa caramelo é delicioso, mas tem sabor forte, então talvez seja melhor evitar com as crianças).

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Para saber mais:

Cia do Marisco - vide em https://pt-br.facebook.com/CiaDoMariscoAlimentos

Thiago Castanho - vide em https://pt-br.facebook.com/ThiagoeFelipeCastanho

Thiago Castanho - Cozinha de Origem, Publifolha

Emburana, semente - vide em http://mesanafloresta.blogspot.com.br/2013/01
/para-os-dias-de-chuva.html




domingo, 2 de novembro de 2014

QUERIDOS QUE SE FORAM






Momentos diferentes do bolo: já cortado, pronto para cortar, uma fatia servida e com o recheio colocado, aguardando a cobertura...uma delícia com um café bem forte!


Passei uns bons dias sem escrever nada desde a última postagem neste blog. Caí de cabeça na recente campanha eleitoral e de noite, ao chegar em casa, mais atraente do que a cama não havia. Aqui e ali, para não perder o costume, saía um bolinho, mas foi só. Em contrapartida, conheci fantásticas pessoas, quintais maravilhosos, cheios de plantas e ervas e flores, chupei mangas muito doces e até mesmo colhi camu camu (frutinha vermelha, mais ácida do que a acerola) para uma geleia, depois de proveitosa conversa com a proprietária de pés carregadinhos de frutinhas tão vermelhas quanto azedas, riquíssimas em vitamina c.

Os ramais aqui do nosso Estado, tão próximos à cidade, alguns deles, que até parecem fazer parte da paisagem urbana, estão hoje com intervenções públicas que lhes garantem acessibilidade e dignidade para seus moradores. Ainda há muito a fazer, mas é visível a melhoria para quem mora nas áreas rurais bem próximas. Vê-se de chácaras para os finais de semana até, em sua maior parte, moradias mais humildes de trabalhadores da cidade, que apesar da distância, começam a ter sua qualidade de vida aumentada.

E tome mangueiras carregadas, cachos de banana se formando, cupuaçus e jacas enormes, laranjas, limões, ingás e pés de acerola e goiaba, pés de abacaxi. Pequenas hortinhas de coentro e cebolinha, hortelã para os chás, galinhas e ovos, couves para os charutos e mais uma infinidade de plantinhas, produção de queijos e polpas de frutas e uma vida que corre em paralelo com a rodovia, tão perto que de lá não se imagina direito esta outra vida que aqui se desenrola mais devagar, como uma grande teia que vai se estendendo a perder de vista.

Fui para a Vila Acre e não imaginava sua imensidão. Ramais do Castanheira, da Garapeira, do Brindeiro, do Moreira, Bom Jesus, Vila da Amizade e tantos outros, aumentaram o número de amigos. As boas conversas sobre política me fizeram ver o quanto já avançamos e o quanto precisamos avançar mais ainda. Mas me deram também muito orgulho, por ver que de fato, já existe um embrião de dignidade formada e o entendimento das pessoas de que as políticas públicas precisam ser destinadas para todos. E elas começam a se ver nessas políticas.

Passar pelos ramais e conversar com as pessoas, algumas delas já bem idosas, me fizeram ter muita saudade dos meus queridos que já se foram, como meus avós, paternos e maternos. Pessoas fortes e trabalhadoras, empreendedores, de cada um guardo exemplos de vida. Os avós paternos tinham um pequeno hotel e uma mercearia, mas meu avô também fazia sorvetes e pães, o que só fui descobrir depois que ele já tinha partido. Minha avó dava pensão lá no hotel e lembro sempre de suas galinhas para bingo, assadas e arrumadas em um prato de papelão com farofa e azeitonas, dentro de uma folha imensa de papel celofane colorido, que deixava tudo com cara de festa de Natal.

Meu avô materno teve uma das primeiras, se não a primeira farmácia da cidade e ainda lembro de sua produção de violeta genciana e mercúrio cromo, em pequenos vidrinhos, arrumados nas prateleiras. Segundo minha mãe, pois disso não me lembro, ele também produzia pomadas e unguentos, além de iodo. Minha avó era exímia cozinheira, cabeleireira, bordava, fazia tricô e crochê, era uma empreendedora nata, além de adorar política e fazer campanha para seus candidatos da época, sempre de forma intensa e participativa. 

Pensando bem, acho que já sei a quem puxei, com esse amor pela cozinha, pela política, pelos pães e massas...acho que guardo um pouco de cada avó e avô dentro de mim e isso me consola na saudade deles, apesar de não ter tido uma convivência tão grande quanto gostaria. Mesmo assim, ainda aproveitei um pouco da companhia deles e guardo boas lembranças. Nesse dia de hoje, em que se homenageia os que já se foram, gostaria de prestar minha homenagem e minha saudade aos familiares e amigos queridos que já se encontram em outro patamar e em nome da vó Mundiquinha e de sua cobertura de castanha, dizer que eles sempre continuarão bem vivos em nossos corações.

Lembro do dia particular em que aprendi, de olho, a fazer essa cobertura deliciosa para bolo. Era ainda bem pequena e nesse dia, aniversário de alguém, vovó nos visitava. Não havia batedeira e os bolos eram batidos à mão, coisa que eu sempre observava com o maior fascínio. Então, fui chamada para ajudar a fazer a cobertura. Lembro demais da emoção de segurar uma bacia de metal, onde se acrescentaram os ingredientes e depois a mágica combinação de castanha torrada e café...cujo cheiro sempre me remeterá a esse dia e a essa cozinha cheia de pessoas e cheiros e movimento. Portanto, mãos à obra!!




Minha mãe com minha avó Mundiquinha e abaixo, foto do meu avô Anibal Lopes. Não tenho, infelizmente, fotos dos avós Raimundo e Maria aqui em casa. Tratamento das fotos acima feito pelo fotógrafo Sérgio polignano


Cobertura de castanha e café da Vó Mundiquinha

Ingredientes

Para o bolo

Pode ser usada qualquer receita de bolo amanteigado, o que eu prefiro, ou mesmo um pão de ló, desde que umedecido com uma boa calda. (Você também pode usar essa receita: veja em http://mesanafloresta.blogspot.com.br/2011/12/o-bolo-da-minha-avo.html)

Para o recheio 

Pode ser usado o mesmo que na cobertura ou um doce de leite escuro e pastoso, como aqui, onde ele foi misturado com um pouco de creme de leite e essência caseira de baunilha.

Para a cobertura

1/2 xícara e 01 colher de sopa de manteiga em temperatura ambiente
01 xícara de açúcar refinado
01 xícara rasa de castanha do Brasil assada (medida após passar a castanha no liquidificador, sem deixar reduzir a pó, devem sobrar alguns pedacinhos)
04 colheres de sopa de café preparado, bem forte (talvez seja necessário mais uma colher, depende do gosto pessoal)
1/4 de xícara de castanha do Brasil assada e liquidificada, para polvilhar por cima do bolo (opcional)

Modo de fazer


Numa tigela, bata bem a manteiga e o açúcar, como se fosse para bolo. Acrescente a castanha aos poucos, alternando com o café. Prove e se necessário, acrescente mais um pouquinho de café. Aplique no bolo já frio e recheado e se desejar, salpique com a castanha assada e passada no liquidificador.

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Em memória dos avós paternos Raimundo e Maria e dos avós maternos Aníbal e Mundiquinha, como também tios e primos que não mais estão conosco

domingo, 14 de setembro de 2014

PARA MATAR A SAUDADE



O prato já pronto...

O cuscuz depois do caldo, com as raspinhas de limão siciliano...

O caldo ainda no fogão...


Acordei hoje muito cedo. Na sala, senti o cheiro do café feito pelo meu querido companheiro que de forma muito delicada, arrumava minha xícara e uma rosa do jardim em uma pequena tigelinha, para embelezar o meu dia. Meio zonza, peguei os jornais e o café, lutando contra o sono que nem ia, nem vinha. Normalmente, durmo um pouco mais aos domingos, mas hoje a cama parecia ter espinhos. Achei melhor levantar logo.

Saudade dos meus filhotes e vontade de estar com a casa cheia da presença deles me fizeram ligar cedo para ouvir a voz de cada um. Concordo com Mia Couto no seu ótimo "Antes de Nascer o Mundo", quando diz "...Não é segurando nas asas que se ajuda um pássaro a voar. O pássaro voa simplesmente porque o deixam ser pássaro." Mas bem que eu queria ter meus passarinhos mais perto dos meus afagos e dos meus quitutes.

O que me salva é que eles estão bem e felizes, fazendo o que gostam. Isso é que importa. E depois, com essas novas tecnologias, só falta mesmo arrumar um teletransportador ou um difusor de aromas internáutico. Chegaremos lá. Por enquanto, quando dá saudade, o jeito é ir para a cozinha, ligar para eles, trocar fotos e carinhos virtuais. Costuma dar certo e recupero bem rápido a alegria do dia.

Ando fazendo um esforço grande para consumir menos calorias e apesar de parecer um paradoxo, os experimentos para o blog costumam servir de presente para os amigos e a família, uma vez que não posso mesmo exagerar. E de vez em quando, dá para fazer umas coisinhas mais leves, tão saborosas quanto. Então, resolvi almoçar um cuscuz marroquino com alguns legumes e vegetais que tinha por aqui. Prato rápido, muito fácil de fazer e que pode ser incrementado de acordo com seu gosto pessoal, sem nenhum problema.

Dou algumas indicações gerais, mas sinta-se à vontade para alterar do jeito que preferir.

Cuscuz marroquino com batata doce assada e cenoura

Ingredientes

Para o caldo

03 xícaras de chá de água
01 cebola roxa cortada em quatro partes, sem a casca
1/2 dente de alho fatiado
03 ramos de hortelã
04 a 05 grãos de pimenta do reino inteira
01 cenoura pequena cortada ao meio e depois em quatro partes cada uma
Sal a gosto
Cheiro verde (coentro e cebolinha) e chicória picadinhos, a gosto

Para o cuscuz

01 xícara de chá cuscuz marroquino (sêmola de grano duro. O que eu usei fica pronto em cinco minutos)
02 xícaras do caldo
Raspas de limão siciliano, a gosto
Cebolinha, coentro, cebola roxa e chicória picadinhos, a gosto
Azeite e sal, a gosto

Para a batata doce

02 batatas doces com casca, cortadas em filetes grossos e assadas no forno, sem cobrir, com azeite e sal até ficarem macias

Para a guarnição e montagem

02 ovos cozidos por pessoa

Modo de fazer

Para o caldo

Numa panela, coloque todos os ingredientes, acrescente a água e deixe ferver até cozinhar a cenoura e apurar o caldo. 

Para o cuscuz

Numa tigela de vidro, coloque o cuscuz, adicione as duas xícaras de caldo fervente, um pouco de azeite, pitadas de sal e as verdurinhas cortadas. Tampe e deixe que o cuscuz inche por cinco a dez minutos. Tire a tampa e com um garfo, solte os grãos de cuscuz e acrescente as raspas de limão, misturando mais um pouco.

Para montar

Em uma tigela ou prato fundo, coloque no centro uma porção do cuscuz. Arrume os pedaços de cenoura, a batata doce e o ovo cozido, além de pedaços da cebola cozida. Regue com azeite, polvilhe pimenta do reino e sal a gosto, acrescente um pouquinho de cebolinha picada e sirva. 

Para não esquecer dos bruguelos, também fiz pão caseiro, bolo de limão siciliano e chutney de manga. As receitas estão em outros posts, aqui no blog.

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Antes de Nascer o Mundo - de Mia Couto, Companhia das Letras

sábado, 6 de setembro de 2014

PESSOAS QUERIDAS E UM ALMOÇO

O filé, em bifes grossos, já com o molho...

Na hora da chapa...

Descansando antes de ser preparado...


Muitas pessoas queridas, entre amigos e familiares aniversariam em setembro, esse mês tão lindo, cheio de flores e aqui onde estamos, ante-sala do Hades, de tão quente. Ontem mesmo me emocionei ao ligar para uma delas, minha querida amiga-irmã Rosa Eulália, que mora no Ceará e que tantas vezes cuidou de mim e me carregou no colo, quando eu não me sentia muito bem. Nos nossos aniversários, sempre estávamos juntas, por muitos anos enquanto convivemos próximas e às vezes, eu ia para a cozinha cuidar do cardápio, já que, contra todas as minhas previsões, até hoje ela não cozinha. 

Lembro mesmo de um jantar de formatura de uma de suas irmãs, minha querida Cláudia, cuja cozinheira, na última hora, desapareceu. E lá fui eu toda feliz dar conta de parte do jantar, cortando na faca quase dez quilos de carne para um strogonoff...a sorte é que deu tudo certo e ainda tive tempo de fazer um belo bolo! Mas hoje, nesse lindo e quente, quente, quente 06 de setembro de 2014, três pessoas especiais de minha família fazem aniversário: Louise, minha querida priminha, um doce de pessoa, primeira neta por parte do lado materno, nosso batismo para os primeiros filhos dos primos mais velhos .

Portanto, no dia do nascimento dela toda a família, gato, cachorro e papagaio se fizeram presentes no hospital, aguardando ansiosamente as boas notícias. Claro está que a algazarra de um bando de meninos e meninas excitados só faltou fazer com que a responsável pela casa de saúde nos expulsasse do recinto. No segundo nascimento em família, algum tempo depois, tivemos quase que voltar correndo, pois quando a encarregada nos viu chegar, cochichou para o lado: "meu Deus, lá vem aquela família de novo..." 

A segunda pessoa especial é minha querida Mariana, filha de meu primeiro marido e minha filha do coração, assim como seu irmão Davi. Linda, gentil, generosa, ao saber da proximidade do nascimento de seu irmão Mateus, meu caçula, passou comigo um mês me ajudando de todas as formas, companheira e carinhosa, com uma atenção que jamais poderei pagar. Até hoje é a princesa da família, única irmã entre um bando de rapazes e um garotinho, adotado pelo pai com sua nova companheira. Nossa família, como eu já disse uma vez, só aumenta. Só agrega. E Mariana reina soberana.

E por fim, meu querido irmão caçula, João Aníbal, fruto dos nomes do pai João e do avô materno, o português Aníbal. Sou a mais velha de quatro irmãos, mas apesar de aqui e ali exercer a autoridade dos primogênitos, eles é que me cuidam. Não sei trocar pneu, nem cuidar de carro batido. As dicas de bons açougues vem deles e quando estou doente, quase sempre um dos três, (claro, além do marido e da mãe e dos filhos, quando estão perto), quase sempre o caçula, é que vem me acudir. Sinto-me protegida e querida por esses irmãos a quem amo profundamente. E hoje, para homenagear tantas pessoas queridas, apesar da gripe, resolvi botar a mão na massa, pois meu mano, apesar de ótimo cozinheiro, está mais gripado do que eu.

Então, tivemos um menu bem enxuto, compatível com as limitações de saúde (é que em casa, fazemos sempre comida para um batalhão), mas que deu muito certo e compartilho aqui a receita do filé, simples, rápido e gostoso. Para a entrada, um pão de fermentação natural com banana passa, nozes, damascos e tâmaras que postarei assim que o processo estiver dominado. Delicioso, embora um pouquinho trabalhoso, levanta qualquer astral. 

Um arroz simples, um filé com castanha do Brasil e um molho à base de suco de laranja, aceto balsâmico, vinho do Porto e gramixó, acompanhados por batatas assadas com azeite e noz moscada, fizeram a nossa festa. De sobremesa, o excelente bolo de chocolate da chef Roberta Sudbrack (veja aqui em: http://mesanafloresta.blogspot.com.br/2013/10/feliz-dia-dos-adultos.html) fez a alegria do meu dia; Roberta, que é uma chef genial e exigente, ao ser citada no meu twitter com a foto do bolo, que não durou nem meia hora e não sobrou para ninguém além de uma fatia extra para o aniversariante, devolveu:"@patrycialopesco impecável!!!!!". É ou não é motivo para sorrir?

Parabéns aos meus queridos. Aproveite, inspire-se e faça um almocinho para os seus. A receita é rápida e deliciosa!



O filé já com o molho, pronto para servir...

Filé com farinha de castanha do Brasil e molho de laranja, aceto e vinho do Porto

Ingredientes

01 filé (ou quantos você queira preparar) já limpo, sem as pontas e aparas
Sal e pimenta do reino a gosto
Farinha de castanha do Brasil quanto baste (usei a da fábrica Miragina, mas basta bater as castanhas rapidamente no liquidificador. Elas são vendidas já levemente desidratadas. Não bata demais para que não fique oleoso)
Azeite quanto baste

Para o molho

12 colheres de sopa de cebola picadinha
03 colheres de sopa de azeite ou óleo
01 colher de sopa de manteiga
03 colheres de sopa de gramixó (ou açúcar mascavo escuro)
Suco de 06 laranjas, coado
12 colheres de sopa de aceto balsâmico
12 colheres de sopa de vinho do Porto
Sal a gosto (usei flor de sal)

Modo de fazer

Para o filé

(obs: na foto que aparece nessa postagem, o filé foi cortado em bifes bem grossos, passado no azeite, sal e pimenta e depois comprimido contra uma mistura de castanha e um pouquinho de pimenta do reino. Mas ele pode ser feito da mesma forma, ainda inteiro, selado e depois cortado em bifes grossos, como um rosbife)

Passe o filé no azeite. polvilhe sal e pimenta a gosto. Numa superfície plana, como uma tábua de madeira, despeje uma quantidade de farinha que dê para cobrir todos os lados do filé. Leve ao fogo alto uma chapa de ferro ou assadeira grande com azeite ou óleo e um pouco de manteiga. Frite por poucos minutos de cada lado da carne, apenas para selar. Uns 30 minutos antes de servir, acenda o forno, coloque a peça em assadeira com azeite ou óleo e um pouco de manteiga, descoberto, por aproximadamente 15 a 20 minutos, virando na metade do tempo. (Atenção: o filé deve ficar ainda rosado no meio, a não ser que você goste ao ponto ou bem-passado. Por isso, é importante ficar atento ao forno. O ponto certo é quando ele ainda está macio ao toque, sem oferecer muita resistência, pois continua o cozimento assim que você o retirar do forno). Retire o filé, fatie-o em bifes grossos, coloque-o no prato de servir e despeje o molho a gosto. Deixe descansar por uns cinco minutos e só então sirva. Acompanhe com o restante do molho em uma tigelinha, o arroz ou uma massa na manteiga e se desejar, batatas assadas. Caso opte por cortar os bifes antes, proceda de forma semelhante. Neste caso, sele os pedaços de carne rapidamente de todos os lados, apenas na chapa de ferro, com cuidado para não remover a farinha de castanha (neste caso, passei a farinha apenas dos lados). Reserve em uma tigela. Próximo de servir, finalize o cozimento na chapa por mais alguns minutos, leve ao prato, coloque o molho, deixe descansar por alguns minutos e sirva com os acompanhamentos e o restante do molho à parte. Delicioso!  

Para o molho

Numa panela, coloque o azeite ou óleo e a cebola picada. deixe fritar sem queimar. Acrescente o açúcar mascavo, deixe derreter, mexendo bem e em seguida coloque o suco de laranja, o aceto balsâmico e o vinho do Porto. Acrescente sal a gosto e deixe reduzir. Vai engrossar levemente. Por último, coloque a manteiga, mexa e desligue o fogo.  Passe por uma peneira e acrescente ao filé depois de pronto. Ótimo!


O bolo de chocolate da chef Roberta Sudbrack, com uma leve adaptação da calda original: um pouquinho de açúcar de confeiteiro, cacau em pó, chocolate meio amargo a 60% e creme de leite, além de umas colheres de essência caseira de baunilha em infusão de vodka. Tão bom que não sobrou, a não ser um pedaço extra para o aniversariante!

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Para saber mais:

Hades - vide em http://pt.wikipedia.org/wiki/Hades_(reino)

Roberta Sudbrack - vide em http://robertasudbrack.com.br/



SAÚDE É BOM

O xarope pronto para beber, com um pauzinho de canela e um pedacinho de anis para dar mais sabor...


Estou há uma semana com uma gripe chata, tosse seca e muita falta de ar. Nem fome sinto, estou com uma ''antoja" (enjôo)  de mulher grávida,  nem consigo sentir o cheiro da chamada comida de panela. Sorte que saltenha,  suco de cupuaçu e brócolis assado com alho e azeite tem entrado bem. E suco de graviola e de maracujá também,  junto com remédios,  nebulizações, chá de jatobá,  lambedor caseiro e uma boa dose de paciência. Fruto do tempo extremamente seco aqui pelas minhas bandas, aliado à fumaças de queimadas inclusive dos lixos domésticos que alguns vândalos e vândalos da saúde alheia insistem em praticar.

Mal sabem eles e elas que vivemos no mesmo planeta e que essas práticas de queimar folhas secas e galhos atingem a todas as pessoas indistintamente, a não ser que se pegue rápido o próximo vôo para a Lua ou para Marte. Como essa possibilidade está longe até mesmo da minha lista de desejos, sigo como posso aqui na Terra, lutando para não ficar sem fôlego. por isso, dou aqui minha receitinha de lambedor, muito simples, até porque tinha poucas coisas em casa, mas você pode acrescentar muitas outras ervas e raízes, a gosto.

O mais importante é que além de aliviar os sintomas, esses remedinhos me remetem a uma infância de acolhimento, onde minha mãe, apesar de farmacêutica formada, jamais deixou de nos dar um bom banho de ervas fervidas e cheirosas quando estávamos gripados. Lambedores docinhos e perfumados também tinham presença garantida em nossa casa e eu adorava percorrer os quintais das vizinhas pedindo plantas e ervas, raízes e cascas sempre que era preciso.

Para as dores de barriga tão comuns naquele tempo de fartura de fruta no pé e amendoim confeitado,  nada como um chazinho de folhas de laranjeira, colhidas no quintal, com muito cuidado para não deixar os dedos entre aqueles espinhos compridos. O chá era sempre acompanhado de torradas finíssimas para não pesar nos estômagos já comprometidos e vinha numa bandejinha acompanhado de muita atenção, tudo que a gente queria, afinal ficar doente dava status entre a meninada daquele tempo. Então, aproveite e faça uns vidros do lambedor para doar aos amigos e amigas, que tenho certeza, nesta época do ano, estão provavelmente atacados do mesmo mal e vão adorar o carinho. O meu já foi levado para meu irmão caçula, experimente!

Lambedor simples


Ingredientes

03 xícaras de água
1 1/2 xícara de açúcar ou mais um pouco, se quiser mais em ponto de xarope. (Essa proporção de água e açúcar deixará o lambedor mais fininho. Caso queira mais encorpado usar 1 medida de água para duas de açúcar).
02 galhos grandes de malvarisco, com as folhas
01 colher de chá de sementes de erva doce
01 pauzinho de canela
02 cascas pequenas de jatobá
01 dentinho de alho
01 pedaço pequeno de gengibre
Folhas de hortelã, a gosto
01 anis estrelado (opcional)
02 folhas de limoeiro (opcional)

(Você também pode acrescentar agrião, angico, cebolinha branca, mastruz, romã, entre outros)

Modo de fazer

Numa panela, coloque a água e o açúcar e os demais ingredientes, bem lavados. Podem ser acrescentados alguns ingredientes além dos listados acima e até outros que você prefira. Deixe ferver bem até virar um xarope fino. Espere esfriar, coe e coloque em um vidrinho. Tome algumas colheradas ao dia.

Observação: não deve ser consumido por diabéticos, em virtude da quantidade de açúcar. 

domingo, 31 de agosto de 2014

E PARA O PEIXE, NADA? TUDOOOOOOO!

A torta pronta para comer: peixe e molho bechamel...

A torta pronta...

O refogado com o peixe, que pode originar inúmeras preparações...

O peixe moído e os temperos...


Nesses dias, estive no Bujari, um dos municípios do nosso Estado, cuja sede é praticamente ao lado de Rio Branco e onde está nosso Aeroporto Internacional, para uma reunião de trabalho. Ao final da agenda, começamos a conversar sobre outras pautas que já não faziam parte da reunião original e falei sobre o I Festival de Gastronomia de Mercado, que havíamos produzido  em dois Mercados tradicionais de Rio Branco e que foram um sucesso de público (veja mais em http://www.mesanafloresta.blogspot.com.br/2014/07/primeiro-festival-de-gastronomia-de.html ).

Entre os presentes, além das coordenadorias da Mulher e do Meio Ambiente do Município e de nossa própria Secretaria de Mulheres do Estado, estavam o Prefeito e seu secretário de Saúde. Comida vai, comida vem, eles começaram a falar da Cooperativa de Peixe do Bujari, criada em 2011, cuja fábrica entrou em funcionamento em meados de 2012 e contou com o apoio do Governo do Estado, através de um convênio com a Prefeitura. A sede fica no Município e a área de atuação, segundo informações da gerente Regiane, está circunscrita aos produtores rurais dos municípios de Bujari, Rio Branco, Sena Madureira, Porto Acre, Manoel Urbano, Senador Guiomard, Acrelândia, Brasiléia, Epitaciolândia, Capixaba, Xapuri, Assis Brasil e Plácido de Castro.

Ao saberem que eu tinha um blog, além da paixão pela cozinha, já lançaram o desafio: "Olha, precisamos de algumas sugestões para incentivar o consumo de um dos produtos, o peixe (tambaqui) moído. Que tal pensar em alguma receita com isso? Podemos aproveitar e fazer uma visita à fábrica." Meus olhinhos de cozinheira brilharam, é claro. Fomos à fábrica, onde é feito todo o beneficiamento do pescado diariamente, para uma pequena visita. 


A Secretaria de Educação do Estado é hoje o principal cliente da Cooperativa, através da Merenda Escolar, que aproveita a produção local e garante aos estudantes proteína de ótima qualidade. Com isso, há também melhora da renda dos pequenos produtores rurais e incentivo à produção. A fábrica conta hoje, ainda segundo informações da simpática gerente Regiane, com 65 (sessenta e cinco) cooperados, empregando 30 (trinta) pessoas diretamente. Produz filé de tambaqui e pintado, costela de tambaqui, peixe borboleta (peixe inteiro sem espinha), peixe moído sem espinha, kit caldeirada e bolinha de peixe moído sem espinha. A carne moída de peixe não leva peles nem espinhas e já vem pronta para o consumo, basta temperar e cozinhar. Todos os produtos podem ser adquiridos lá mesmo, já congelados nas embalagens de acordo com o uso, uma maravilha.

Fomos muito bem recebidas, minha colega e eu, pela gerente Regiane. Infelizmente, os trabalhadores estavam em horário de almoço e ficamos apenas na vontade. Semana passada, a oportunidade surgiu e lá fui eu, toda contente, conhecer as instalações. Máscara, botas, touca e higienização adequada, pude conhecer não só o processo de produção, mas principalmente o fruto de um sonho. O sr. José Mota, encarregado da produção que me acompanhou na visita, falou também das dificuldades e da vontade de melhorar ainda mais. 

Mas o que mais me chamou a atenção foi ouvi-lo dizer com muita emoção que ali estava a melhor equipe com quem ele poderia trabalhar. Equipe esforçada e que mesmo diante de eventuais dificuldades, trabalhava com alegria. Fiquei muito sensibilizada. Um município pequeno mas aguerrido, pessoas que estão lutando pelos seus sonhos de vida, trabalho em equipe e reconhecimento. Tudo que muitos manuais de administração tanto falam, mas que às vezes não consegue ter eco na realidade das empresas. Saí de lá com um pacote de peixe moído e a vontade de fazer vários testes. 


Eu na entrada da fábrica, tendo ao fundo parte da equipe de produção e meu guia, o sr. José Mota

O primeiro deles foi fazer um refogado simples, para testar o sabor, que se revelou maravilhoso. A partir desse refogado, o céu é o limite. Dá para servir com arroz, fazer recheio de panquecas, colocar um pouquinho de tomate e servir como molho para macarrão, fazer recheio de tacos, acompanhando o guacamole, cebolas roxas cortadas e suco de limão, recheio de empadão, enfim...optei por testá-lo no recheio do empadão, junto com um molho bechamel com um pouquinho de farinha de castanha. Ficou maravilhoso! Pretendo voltar lá e adquirir outros produtos mas posso garantir que o sabor é muito bom! Então, passa lá, faça  a receita ou invente outras, você não vai se arrepender.

(Aproveito para agradecer à Regiane, ao sr. José Mota e em nome deles à toda a equipe)


Ingredientes

Para o peixe

01 kg de peixe moído, sem peles nem espinhas (a fábrica trabalha com o tambaqui, neste caso e ele já vem pronto para o consumo) 
Suco de 01 limão
03 colheres de sopa de cebola picada
05 colheres de sopa de cheiro verde picadinho (coentro e cebolinha)
02 colheres de chá de alho amassado
02 colheres de chá de pimentão vermelho em pó (páprica doce)
01 folha de chicória picadinha
01 colher de chá de colorau
Pitadas de pimenta do reino moída na hora
Sal a gosto

Para o refogado

02 colheres de óleo
02 colheres de sopa de alho amassado
1/2 cebola média picada
01 colher de sobremesa de pimentão vermelho em pó (páprica doce)
03 colheres de sopa de azeite de dendê

Para o molho bechamel

50 g de manteiga
50 g de farinha de trigo
02 xícaras de leite
03 colheres de sopa de castanha do Brasil crua peneirada (não usei a fresca) - opcional
Sal a gosto

Para a massa da torta

200 g de manteiga em temperatura ambiente
300 g de farinha de trigo (2 1/2 xícaras de chá)
01 ovo inteiro
01 gema
01 pitada de sal

Para a cobertura da torta

01 gema passada na peneira, misturada com um pouco de azeite 
farinha de castanha para polvilhar (opcional)

Para a montagem da torta

2 1/2 xícaras do refogado de peixe, já preparado
1 receita de molho bechamel
02 colheres de sopa de farinha de castanha do Brasil (opcional

Modo de fazer

Para o peixe e o refogado

Numa tigela grande, coloque o peixe moído e regue com o suco de limão, misturando levemente. Após cinco minutos, despeje água por cima do peixe bem devagar e escorra, sem misturar. Coloque água novamente e proceda da mesma forma, para retirar o excesso de suco. Esprema o peixe, para retirar o máximo de água. Tempere com o sal, o alho amassado, a páprica e o colorau, a pimenta e os temperos cortadinhos. Deixe pegar gosto por uns quinze minutos. Em uma panela grande, coloque o óleo e o alho do refogado, mexendo bem. Em seguida, acrescente a cebola picadinha e quando estiverem levemente dourados, junte o peixe moído já temperado. Vá mexendo até que os grumos se desfaçam, acrescente a colher de páprica e continue mexendo, até que ele comece a cozinhar. Deixe por uns cinco minutos, mexendo de vez em quando e acrescente o azeite de dendê. Mexa novamente, tampe a panela e deixe por mais dez a quinze minutos ou até estar cozido. Caso necessário, acrescente um pouquinho de água quente, apenas para não grudar. Reserve.

Para o molho bechamel

Numa panela coloque a manteiga e a farinha e mexa bem até derreter a manteiga e formar uma espécie de massa com a farinha. Coloque o leite devagar e vá mexendo bem para desfazer os grumos, rapidamente. Acrescente o sal e a farinha de castanha, se usar. Deixe ferver, mexendo bem, até que cozinhe. Reserve.

Para a massa da torta

Numa tigela, coloque a manteiga em temperatura ambiente e mexa bem. Acrescente o ovo inteiro e a gema, mexa um pouco e acrescente a pitada de sal e a farinha, que deve ser apenas misturada rapidamente até que a massa fique homogênea. Não manuseie demais a massa para que ela não fique dura. Embrulhe em filme plástico e deixe uns quinze minutos na geladeira. 

Para a montagem da torta

Após esse tempo, retire a massa da geladeira, estique-a entre duas folhas de filme plástico e forre uma forma, de preferência dessas de abrir. Polvilhe o fundo da torta com a farinha de castanha, se desejar. Recheie alternando camadas do peixe refogado e do creme. Cubra com o restante da massa, passe a gema de ovo misturada com o azeite, polvilhe a farinha de castanha e leve para assar até ficar bem dourada. Sirva da maneira que preferir, como lanche da tarde, um almoço ou jantar rápidos, acompanhada de uma saladinha. 


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Para saber mais:

Indústria de Embutidos - COOPEIXE do Bujari - Rua Senador Guiomar, n. 430, Bujari-Ac, tel. (55) 68 99013309. Encomendas:(68) 99013309 (Regiane) e (68) 99886410 (Aquino) - As entregas podem ser feitas em Rio Branco

http://www.amac-acre.com.br/site/?p=24

http://www.amazonianarede.com.br/ac-industria-de-embutidos-de-peixe-do-bujari-fortalece-a-piscicultura-no-estado/