sábado, 17 de novembro de 2012

SOBRE A DIFICULDADE DO FÁCIL




Arroz na panela, pronto para servir...

Puro, prontinho para comer...


O que é fácil para uns pode muito bem ser motivo de dificuldade para outros. Se assim não fosse não estaríamos nós trocando segredinhos culinários, dicas e receitas e mais um sem número de informações preciosas que visam única e tão somente tornar mais prazeroso aquilo que pode ser motivo de muita preocupação.

Tenho, por assim dizer, uma memória quase fotográfica para números, tabelas e outras coisinhas mais. Entretanto, perco rotineiramente os óculos e as chaves de qualquer tipo e se por acaso saio da cozinha enquanto estiver cozinhando, é quase certo sentir o velho cheiro de queimado. Já cheguei em casa a pé, por nem desconfiar que havia saído de carro enquanto o pobre veículo permanecia muito bem estacionado em algum canto da cidade, confiando na minha cabeça de vento.

Teve também aquela vez em que peguei o elevador toda arrumada, mas com uma toalha de banho molhada no ombro. A vizinha do segundo andar me deu uma olhada tão cautelosa, que eu sabia haver algo de errado e logo me vi dando uma risadinha constrangida e correndo para casa. Mas, são tantas as histórias de completo alheamento, que me sinto às vezes como se fosse duas pessoas: uma racional e lógica e a outra que se desliga ao ponto de nem saber por onde anda, sendo sempre necessária a intervenção dos meus GPS's particulares, filhos e marido. 

A coisa boa é que parei de me cobrar quando não acerto sair de uma rua ou erro cada rotatória caso não conte o número de entradas, ou mesmo quando não tenho ideia de onde pendurei chaves ou deixei a bolsa, ou guardei os óculos ou deixei o remédio. A vida é curta,  não é mesmo?

Aqui em casa, para me compensar, meus filhos e marido se localizam muito melhor do que eu. O mais velho dos filhos dirige por caminhos que eu não sonharia encontrar e desta forma, compenso as ajudas com bolos e biscoitos, um bifinho na grelha, uma geléia diferente. Tem dado certo. Por isso é que um dia desses, conversando com uma querida amiga, dona de uma charmosa loja de chocolates no shopping local, compreendi a sutileza dessas diferenças.

Ela nos dizia que embora sem cozinhar muito, faz uma moqueca deliciosa, entre outros pratos, mas não consegue acertar o ponto do arroz soltinho. É claro, tem arroz de todo jeito: "unidos venceremos", com a crosta queimada na panela, feito na água grande, arroz solto, arroz de leite do Nordeste, arroz integral, com ou sem alho, arroz branco, com colorau,  arroz jasmim, japonês, o de risoto, as possibilidades são imensas e cada um gosta de um jeito.

Isso sem falar no arroz com pequi, na galinhada, no arroz de forno da minha mãe, nos pratos de arroz doce com canela ou nas sobras que viram bolinhos, fritadas e recheios, como no charuto. Ou seja, inúmeras variedades de arroz, maiores ainda as formas de prepará-lo.

Minha atual receita, se é que se pode falar assim, começa pelo meu pai, que exigia arroz muito solto e soltando fumaça, quando eu era criança (e até onde eu sei, continua), passa pelas minhas cunhadas, que fritam o alho amassadinho no óleo antes de colocar os grãos e finaliza com a dona Laura, da pousada Alcobaça, lá em Petrópolis, (leia aqui: http://www.varaldeideias.com/1/?s=alcoba%C3%A7a&submit.x=0&submit.y=0), que coloca uma folha de louro na panela, para perfumar de forma arrebatadora o prato. São indicações gerais, mas que não costumam falhar. Se você também gosta de comer arroz assim, fumegante como meu filho mais novo, a hora é essa. Aproveite!


Arroz soltinho do meu jeito

Ingredientes

500g  aproximadamente de arroz agulhinha, lavado e escorrido
4 a 5 dentes de alho  médios, amassadinhos, ou a gosto
Água fervente o quanto baste
Óleo de cozinha de boa qualidade, o quanto baste
Sal
1 a 2 folhas de louro secas, médias

Modo de Fazer

Numa panela de fundo grosso que comporte a quantidade de arroz utilizada, coloque 4 a 5 colheres de sopa de óleo, ou um pouco menos, se desejar. Acrescente o alho e vá mexendo delicadamente, em fogo médio, de maneira que ele frite, mas não queime. Acrescente o arroz, o sal a gosto e as folhas de louro. Espere alguns segundos, para começar a mexer, de forma que todos os grãos fiquem bem envolvidos na mistura de alho e óleo. Nesta etapa, é importante ter paciência e atenção e o fogo deve ser sempre baixo. Normalmente, dura um pouco menos de dez minutos, até que um chiado característico indique que está na hora de colocar a água fervente. Despeje a água até um dedinho acima da quantidade de arroz e no máximo dê mais uma mexida. Tampe a panela, deixe em fogo baixo e monitore. Não precisa mexer. Quando a água começar a secar, verifique os grãos de cima. Se ainda estiverem muito duros, coloque mais um pouquinho de água, sem encharcar o arroz, apenas para que você perceba que ainda há líquido. Tampe novamente e espere secar. Normalmente, não precisa acrescentar mais água, mas é bom conferir. Quando secar toda a panela, o que você pode acompanhar colocando um dedo molhado no fundo externo e sentindo um chiado (não faça sem experiência, para não se queimar) ou enfiando uma faca no centro, afastando um pouco para ver o fundo, desligue o fogo e sem mexer no arroz, deixe descansar 10 minutos, com a panela tampada. Os grãos de cima devem estar firmes ao toque, o que significa que os de baixo estarão inteiramente cozidos. Retire as folhas de louro e sirva normalmente com uma boa moqueca, um bife grelhado ou outro prato de sua preferencia e bom apetite!   

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